A Comissão Arquidiocesana de Justiça e Paz de Belo Horizonte (CAJP-BH) divulgou uma nota pública manifestando profunda preocupação com a tentativa de privatização da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) e com a tramitação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que busca retirar do povo mineiro o direito de decidir, por meio de plebiscito e referendo, sobre a venda da empresa.

No documento, a Comissão classifica a proposta como uma “manobra antidemocrática” e “escandalosamente inconstitucional”, afirmando que ela viola os princípios da Constituição e da Doutrina Social da Igreja. “A privatização da água é um escândalo, assim como é escandaloso o ataque à democracia por meio de instrumentos que deveriam servi-la”, destaca o texto.

Inspirando-se nas palavras do Papa Francisco e de Leão XIII, o comunicado recorda que a água, o ar, a terra e o alimento são bens criados por Deus para o bem comum e não podem ser transformados em mercadoria. A nota ressalta que a “ganância e o individualismo” não podem se sobrepor ao direito de todas as pessoas à dignidade e à vida.

O presidente da Comissão, professor doutor José Luiz Quadros de Magalhães, afirma que retirar do povo o direito de participar de decisões fundamentais é um ato “imoral e instrumento do mal”. Segundo ele, a privatização da Copasa repetiria erros já verificados em outros estados e países, colocando em risco o acesso igualitário à água potável e à preservação dos mananciais.

Com o olhar voltado à COP 30, que reunirá lideranças de todo o mundo para discutir a crise climática, a Comissão conclui sua nota com um apelo à sociedade: “Privatizar a água é privatizar a natureza, é privatizar a própria vida”.